Mansão
Juro
que é verdade. Não foi um sonho. Eu vivia em uma pequena cidade, o
povo tão pequeno quanto a cidade, só 35.000 habitantes. Perto da
casa que eu morava havia uma mansão aos pedaços, meu avô me
contara que nela vivia uma família de quatro pessoas, pai, mãe, e
duas filhas. Em uma noite uma dessas filhas chamada Marina queimou a
casa junto com o pai e a irmã dentro. A mansão era conhecida como
castelinho por simbolizar um pequeno castelo.
Eu,
naquela época, era tímido, por isso não tinha muitos amigos, na
verdade só tinha um e ela se chamava Gabriely mais conhecida como
Gaby. Ela era minha melhor amiga por que não tinha outros para
escolher. Certo dia que estávamos na praça em frente ao castelinho:
-Ei.
Que tal explorarmos o castelinho hoje a noite? -Gaby perguntou.
-Você
ficou louca?-perguntei para ela.
-Não.
Mas você não está interessado no que esta lá dentro?
Era
de se impressionar com as ideias dela. Sempre nos metemos em
enrascadas por causa dela.
-Vamos?
Eu
não queria ir mas estava muito interessado no que estava lá dentro.
-Vamos,
mas não fale a ninguém que concordei com você!-Sempre falava isso
quando concordava alguma coisa com ela. Diferente de mim, Gaby era
popular mas ao invés de sair com eles saía comigo, achava que ela
tinha uma queda por mim.
Marcamos
que iríamos nos encontrar as 11:00 em ponto em frente ao castelinho.
Cheguei
em casa e coloquei tudo o que tinha que levar na mochila e uma
lanterna, pois duvidava que tinha um interruptor de luz no
castelinho. Dei uma dormida.
Fui
na hora marcada para frente do castelinho e, como sempre, Gaby estava
atrasada. De noite aquele lugar era de esfriar a espinha. A porta
estava queimada, as janelas estilhaçadas no chão e dava para ouvir
os gritos vindo lá de dentro, a escuridão dominava o quintal a
mansão estava em cinzas. A única iluminação era a lua. Já estava
indo embora pois achava que a Gaby não iria vir, então uma mão
fria e tensa tocou o meu ombro. Não virei a cara pois estava com
medo de ver uma alma penada, então a alma me puxou e me virou. Era a
Gaby.
-Você
quase me matou de susto!-eu falei.
-Cala
boca, Andrei!-Ela falou – vamos.
Entramos
no quintal sombrio e fomos para a varanda, empurramos a porta e ela
rangeu como qualquer outra maldita casa velha.
A
sala era pequena, havia uma escada para subir ao segundo andar e a
direita uma porta dava para a cozinha. No chão havia um quadro do
pai, um homem velho, era médico, a pele enrugada e usava um
paletó. A mãe, velha como o pai, parecia dona de casa, cabelos
negros e olhos verdes e um vestido negro. A filha, não a que ateou
fogo, mas a outra também estava naquela foto, deveria ser de quando
Marina ainda não havia nascido. O nome Marina me dava medo. Quando
ainda estávamos analisando a foto, ouvimos um barulho de papel cair.
Ele caiu em cima de minha cabeça.
-Andrei...-Disse
Gaby com a sua voz de medo e ternura.
Tirei
o papel de minha cabeça. Nele estava escrito... A sangue!Atirei o
papel para o chão e começamos a ler:
``
Janeiro de 1981
Daqui
alguns dias será o
aniversário
de minha irmã
estou
feliz por ela, mas ela
tem
um olhar estranho.
Desde
que nasceu possui
um
olhar malicioso e olhos...´´
Assim
acabou. Devia ser a parte de um diário, mas escrito a sangue, isso é
muito estranho. Iríamos sair do castelinho, pegamos o quadro para
analisar em casa mas o quadro tinha mudado havia mais uma pessoa
nele, ai minha nossa... Era Marina!
Queríamos
correr mas ficamos plantados no chão, queríamos gritar mas ficamos
mudos, então, do teto, começou a pingar sangue! Pingava diretamente
no quadro e então os rostos mudaram e começaram a gritar, menos
Marina. Ela começou a dar risada, de repente, outro pedaço de papel
apareceu flutuando. Nele estava escrito:
``
Ela é...´´
Então
uma mão encostou em meu ombro e uma outra na Gaby. Nos entreolhamos,
sabíamos que não era nenhum de nós, viramos as cabeças para trás
e um cadáver pestilentonestava lá tocando nossos ombros. Corremos e
corremos fomos para o banheiro do lado direito entramos nele, Gaby
tirou de sua mochila sal e colocou na fresta da porta.
-Que
porcaria é essa?- Perguntei com medo em meus olhos.
-Sal.
Nos protege dos fantasmas eles não vão poder passar- respondeu
Gaby.
O
banheiro era pequeno tinha uma privada e uma pia. E uma banheira.
-Fique
aqui, vou lavar minhas mãos!-eu falei como se ela fosse para algum
lugar.
Abri
a torneira, limpei meu rosto por primeiro e, espere... isso é
sangue! Desliguei a torneira limpei meu rosto na camisa.
-Essa
porcaria da casa está cheia de sangue!
-Verdade.-
disse Gaby
Dentro
da banheira estava um livro preto, tirei-o de lá. Era a Bíblia
Sagrada. O que um livro tão sagrado estava fazendo ali dentro?
Quando tirei a bíblia de lá, desiquilibrei-me e me apoiei na
torneira da banheira que começou a jorrar sangue.
-Putz
grila!-falei
A
banheira encheu-se de sangue, aquilo pareia um mar vermelho e escuro.
Então um corpo emergiu da banheira, o corpo de um homem. Era o pai
da família. O corpo se contorceu eu e a Gaby não pensamos duas
vezes. Saímos do banheiro e subimos as escadas. No segundo andar
havia 5 portas, entramos na primeira à direita.
Era
um quarto queimado. Já de se esperar tinha uma cama queimada, negra
como o breu, também tinha um cofre em belo estado. Enquanto
estávamos analisando o quarto notei que ainda estava segurando a
bíblia e dela caiu outro papel que dizia:
``12/09/72´´
-A
data que o castelinho foi incendiado.-disse a Gaby calmamente
´´é
a senha do cofre´´ uma voz ecoou na minha cabeça. Decidi seguir
esta voz.
Girei
a senha no cofre, ele se abriu, lá dentro tinha uma coisa brilhante
na escuridão. Ouro. Pegamos o quanto conseguimos pegar. Enchemos
nossos bolsos e quando acabamos surgiu lá dentro uma cabeça com os
lábios sangrentos, os olhos maliciosos, os cabelos cheios de sangue.
Uma menina.
-Olá,
me chamo Marina quer brincar de morte?- disse a menina
``
fujam´´
Aquilo
foi um conselho idiota pois é claro que iríamos fugir agora.
Fugimos. Estava claro, nunca vou me esquecer aquela cara do mal de
Mariana. Chegamos em casa. Nós morávamos um ao lado do outro. Disse
tchau para ela e combinamos que não iríamoos contar isso a ninguém,
era para que nós esquecêssemos dessa aventura de terror. Até hoje
nós dois estamos com medo do que aconteceu naquela noite. Quando
cheguei em casa fui dormir, despenquei na cama então depois de
algumas horas acordei assustado, um fantasma estava olhando para mim.
-Olá!-disse
o fantasma
Peguei
o meu canivete que estava embaixo do meu travesseiro e tentei
atacá-lo, mas sabia que iria ser inútil.
-Não
se assuste, só quero conversar, me chamo Paula, sou irmã de Marina
e vou explicar a verdadeira história do castelinho.
Ela
me contou que eles eram muito felizes antes que Marina nascesse. E
Marina não era filha deles, era adotada. Ela os matou quando queimou
a casa mas Marina acabou morrendo junto por causa da grande explosão
. E aquele bilhete que estava escrito ´´ Ela é...´´´era
demônio. Ela sempre torturava a família e tinha problema mental,
não obedecia ninguém, só a si mesma. Ela me explicou que a bíblia
que estava no banheira era para espantar os maus espíritos, Marina
sempre ficava longe daquele banheiro quando colocaram a bíblia nele.
E que os espíritos da família ainda estavam lá. Eles deveriam
destruir o castelinho para eles poderem se libertar. Ela disse adeus
e adormeci.
No
outro dia, na escola, Gaby me contou que tinha acontecido a mesma
coisa com ela de noite então decidimos que iríamos usar o ouro que
tínhamos achado para demolir o castelinho. No outro dia, o
castelinho foi demolido e quando acabaram, vimos um espírito de uma
menina dizendo obrigado. Então, depois da demolição,o espírito,
de uma outra menina, surgiu dos escombros e começou a transformar-se
em um demônio. Não vou falar a aparência dela por que esse vai ser
seu medo para sempre. Ninguém além de mim e da Gaby sabe a
verdadeira história de Mariana e o castelinho. Construíram ele de
novo e acho que ainda continua assombrado e tenha uma dica, quando
ir para lá saia e não volte mais. E tenho mais uma coisa para
dizer...
BU!